quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

CASTELOS DE AREIA

Outro dia achei esse artigo no meu computador, não sei quem baixou, onde baixou, achei interessante e resolvi colocá-lo na íntegra para que outros possam refletir, eis o artigo:

"Hoje é dia 24 de Dezembro de 2006, véspera de Natal, o vigésimo quinto Natal que participo, mas esse é diferente dos outros...

Meu nome é Augusto Cesar! Augusto também era o nome do meu avô materno, um homem simples do campo, descendente de italianos que imigraram para o Brasil no final do século XIX, e toda aquela história que já conhecemos sobre imigrantes. A do meu avô Augusto é apenas mais uma. César é o nome do meu avô paterno, igualmente filho de italianos que imigraram para o Brasil.

Os pais dos meus avós se conheceram na cidade onde nasci, em Caxias do Sul no RS, e igualmente seus filhos (meus avós), meus pais e finalmente o resultado atual que sou eu.

Atualmente moro em Porto Alegre, onde faço pós-graduação na Escola superior de Música e Artes do Rio Grande do Sul.

Bom, mas não quero contar a minha história, vou contar lhes a história do meu melhor amigo Leonardo Tommaso, igualmente de família italiana tradicional, o Leo como o chamávamos carinhosamente na infância.

Leo e eu crescemos juntos, nascemos no mesmo ano, apenas dois meses o torna mais velho que eu, estudamos juntos e pegamos o gosto pela música juntos. Eu cantava enquanto ele tocava violão e também cantava.

Eu cheguei a arriscar umas aulas de piano, mas não tive paciência, até toco um pouco, o suficiente pra alegrar minha avó nas reuniões de família que sempre ocorrem nos aniversários dela ou no Natal e Ano Novo.

No colegial, Leo e eu até fazíamos apresentações nas feiras de cultura. Gostávamos de tocar músicas de João Gilberto, Chico Buarque, Jobim, Legião Urbana e rock britânicos (nossa preferência) como Beatles e U2, muitas vezes ainda, tocávamos Elvis Presley. Foi muito divertida a nossa infância!

Ainda tocávamos algumas vezes nos cultos dominicais da Igreja Metodista, onde nossos pais freqüentavam.

Mas eu também não quero contar a história da minha infância junto do meu amigo Leo. Eu quero contar o que veio depois disso, bem depois, há aproximados dois anos.

Leo e eu morávamos no mesmo apartamento em Porto Alegre, pois estudávamos juntos na mesma faculdade.

Aconteceu que o Leo conheceu uma garota, a Isabel!

Até aí tudo bem, se não fosse por todas as estranhezas que envolviam esse encontro...

Leo a conheceu pelo Orkut, em uma comunidade de leitores de Camões, o poeta português.

Não me lembro bem qual o tópico ou o assunto que atraiu a atenção de um ao outro, tudo o que sei é que na mesma noite, Leo já estava conversando com Isabel no MSN.

Até aí, também, tudo normal.

Quantas pessoas você não conhece por dia na internet e logo se apega a ela criando um laço de amizade virtual? Leo não era diferente disso!

E Isabel era realmente uma garota que chamava a atenção. Não apenas pelo aspecto físico.

Leo gostava de dizer que ela tinha uma “beleza simples”, era formosa, mas não chamava muito a atenção.

E também, era de se esperar que não chamasse, pois a garota só tinha 15 anos quando os dois se conheceram e ela morava no Rio de Janeiro.

Eles conversavam todos os dias antes de dormir e o Leo ligava todo final de semana para o celular da Isabel, além de enviar mensagens toda manhã antes de irmos pra faculdade.

Rapidamente ele se encantou por ela e igualmente ela por ele. Coisa mais louca! Eu mesmo não entendia muito bem, no princípio eu até brincava com ele o chamando de “pedófilo”, ele ficava uma fera! [rsrs]

Nossos amigos mais próximos, também achavam aquela paixão virtual uma loucura, mas o Leo realmente levava a sério aquilo tudo.

Isabel, também, demonstrava que tudo aquilo era verdadeiro.

Eles conversavam com a webcam ligada. Ela lia poesias para o Leo e também escrevia poesias inspiradas no romance dos dois, enquanto Leo cantava pra ela.

Os dois faziam juras de amor eterno e já criavam expectativas para o encontro, até que marcaram a data.

Isabel faria 16 anos no dia 25 de Dezembro.

Leo custou a convencer os pais que viajaria até o Rio. Os pais não concordavam que ele fosse se aventurar no Rio por conta de uma garota que mal conhecia e ainda era bem mais nova do que ele e o pior de tudo, que seria no Natal e os pais já não tinham o mesmo contato com Leo porque ele morava em Porto Alegre.

Leo prometeu que estaria de volta no Ano Novo. Até que por fim, os pais se convenceram que seria bom para ele, até pra conhecer o Rio de Janeiro que ele amava por conta de Drummond e outros poetas e cantores cariocas.

Leo ligou para Isabel informando que chegaria lá no dia 25, pela manhã, pois ele viajaria de carro e faria algumas paradas pra não se cansar muito com a longa viagem.

Chegou o dia da viagem e Leo se despediu de nós e partiu em busca do seu sonho, um sonho de amor, o mais belo que eu já vi, e já não era mais um sonho, era tão real quanto tudo o que seus olhos alcançam.

Nos despedimos e lá foi ele em direção ao amor de Isabel.

A partir de então, o que contarei, foi o que ouvi de Isabel...

Isabel não conseguiu dormir direito, tamanha era a expectativa que ela tinha em ver o Leo

Leo ligou pra Isabel por volta das 18hs do dia 24, dizendo que estava no interior de São Paulo e que chegaria pela manhã, por volta das 10hs, pois ele dormiria em um Hotel até umas 4hs e retomaria a viagem. Ela se animou, eles trocaram mais algumas palavras e desligaram.

Às 2:30 hs, quando Isabel já estava cochilando, após a ceia de Natal com a família, ela acordou com o telefone tocando novamente e se animou imaginando que seria o Leo.

Na verdade, era um policial que lhe deu a triste notícia de que Leo havia morrido num trágico acidente de carro às 23:10 hs nas proximidades da capital do Rio de Janeiro.

Leo não tinha descansado, ele apressou a viagem para que pudesse chegar antes do horário combinado, para passar o Natal com Isabel, devido a isso, ele cochilou no volante enquanto dirigia seu carro, e bateu de frente a um muro há cerca de 90km/h.

Os policiais disseram que ele tinha nas mãos uma foto de Isabel segurando um bichinho de pelúcia, era uma foto que ela tinha tirado e mandado pra ele no aniversário dele. Leo andava com aquela foto pra todo lado.

Como o último número que ele havia ligado era o número dela, os policiais ligaram para avisá-la.

Isabel ligou pra mim, ela mal conseguia falar ao telefone, estava muito perturbada e chorava ininterruptamente.

Quando ela conseguiu dizer, eu não pude acreditar...

Não imaginava que tudo pudesse acabar assim...

Os pais de Leo não conseguiram acreditar no que eu dizia, pois tive o árduo trabalho de contar pra eles que seu filho havia falecido num trágico acidente.

Leo não conseguiu dar o tão sonhado abraço em Isabel...

Ele dizia que se ao menos pudesse tocá-la e sentir a maciez da pele dela em seus dedos, que todo aquele ano construindo um castelo de sonhos teria valido a pena...

Mal sabia que seu Castelo era de Areia...

Mal sabia que seu Castelo era de Areia..."

Obs.: Não encontrei nenhum nome assinando o artigo, a não ser os usados no artigo. Um abraço, pastor Neidivaldo Dias da Silva - pastor da IBMorumbi - Foz do Iguaçu - PR.

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